domingo, 1 de maio de 2011

Não se pode falar de Deus sem um prévio silêncio interior:

Ícones do mistério:

A experiência de Deus.

Façamos o homem (“varão e mulher os fez...”) segundo (nossa) imagem [..] e semelhança[...] Gn 1,26

Se analisarmos mais profundamente essa frase podemos concluir que o caminho a conhecer Deus não se não o caminho de conhecermo-nos a nós mesmos. Pois Deus nós faz a sua imagem e semelhança, mas também Deus é a imagem e semelhança dos seres humanos.

Isso podemos deduzir a partir do reconhecimento que inúmeras religiões tem desse processo de auto-conhecimento, para assim conseguir realizar uma experiência verdadeiramente mística, o deixar-se inundar na alma de Deus e com ela formar-se apenas uma. Não confundimos aqui essa experiência (mística) como um querer racional de encontrar a Deus, pois essa forma racional de encontrar Deus está fadada ao fracasso como nós mesmo já sabemos e o próprio texto nos remete “queres vós ser como Deuses”?(Gn 3,5) eis que o próprio orgulho do ser humano em “ser com deus” faz com que ele seja expulso do paraíso.

Pg. 12

Para saber algo de Deus é preciso conhecer o ser humano, assim como para crer em Deus é preciso crer em nós mesmos. “quem se conhece a si mesmo conhece a Deus”, diz Clemente de Alexandria.

Quem conhece Deus conhece todas as coisas, pois em Deus “vivemos. Nos movemos e somos” (At 17, 28).

Pg. 14

De Deus só se pode falar propriamente em vocativo, na invocação desde o fundo da alma, onde o mistério habita como hóspede discreto e invisível no escondido. Tudo o mais é idolatria (Mt 6, 6-7).

A trindade nos diga que Deus é relação (se fosse “substancia” seria triteísmo), e que nessa relação entramos também nós e o cosmo.

Pg. 15

Não só a criação é novidade constante, mas também o “Deus vivo” (expressão recorrente na escritura cristã) é sempre novo para nós, que somos (ainda) temporais.

O ícone não é subjetivo, pois não é uma fantasia individual. Nem exclusivamente objetivo, pois requer que o vejamos como tal símbolo.

Pg. 16

Resumindo, o ícone é uma epifania do invisível, porém para que se veja o invisível é preciso ter aberto o olho da fé, que nos permite a todos ver se o mantemos puro. A fé, á diferença da crença, é uma invariável humana.

Pg. 17

O último véu não se pode des-velar, porque, ao mesmo tempo que se revela, também vela, posto que a Deus ninguém viu (Jo 1,18). Tal é o mistério divino (Mt 11,25; Lc 10, 21). O autentico ícone é transparente, invisível, mas bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus (Mt 5,8) = a guardem silêncio.

Pg. 20

Não há experiência possível de Deus, pelo menos no sentido monoteísta da palavra. Muitas vezes se aprisionou a Deus pretendeu-se apreendê-lo, seria a expressão acadêmica em nossa contingencia a criaturabilidade.

Tampouco há experiência de Deus para si (genitivo subjetivo). Em Deus não cabe o genitivo, posto que não adiantaria nada o que á é. Este mesmo verbo --- ser----- é inapropriado.

Pg. 29

A experiência da humanidade, através da oralidade e da escrita nomeia e entende Deus como símbolo, como nome, não como conceito. A origem sânscrita da palavra “Deus”, dyau (dia), sugere o brilhante, a luz, a divindade (como no grego Theos). A luz permite ver e dar vida. Não sem motivo o sol é aceito universalmente também no catolicismo, como um dos símbolos divinos.

Pg. 31

Não se pode falar de Deus sem um prévio silêncio interior:

Pg. 33

O discurso sobre Deu é radicalmente distinto de qualquer outro discurso sobre qualquer outra coisa, porque Deus não é uma coisa. Seria, então, um mero ídolo.

Pg. 34

Não há parâmetros adequados que nos permitam falar do “funcionamento” desta realidade a que chamamos “Deus”. O discurso sobre Deus é único, portanto, incomparável a todas as demais linguagens humanas. E irredutível a qualquer outro discurso.

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